terça-feira, 3 de dezembro de 2013

251 - As pessoas maravilhosas que ficam para trás a mala e a vida

Meu muito amado filho Estêvão

Estes dias de silencio meu foram para sentir o que te vou escrever a seguir

"Já alguma vez se sentou em cima de uma mala a abarrotar, para a tentar fechar? Ou já alguma vez voltou de ferias e só então percebeu que não usou metade do que levou consigo? Pense na sua viagem entre hoje e o Natal ou, de maneira mais abrangente, no momento da sua vida em que se encontra neste momento. Do que é que verdadeiramente precisa de transportar consigo? Haverá coisas, pessoas, situações que será melhor deixar para trás? Haverá alguma coisa a ser dita para viajar um pouco mais leve?"

In Pastoral da Cultura...


Meu querido das lições mais difíceis de aprender é a andar na vida de bagagem leve. É saber o que vale a pena lutar para levar ... lá está o que vale a pensa sentar na mala até caber e o que deve ficar para trás.
É assim com as pessoas também.... umas nós temos de deixar ir e outras a vida arranca de nós como um adesivo ... à força!

É preciso muita sabedoria e amor para seguir na vida e levar connosco apenas o que necessitamos mesmo com o que nos faz mesmo falta .... é preciso coragem para seguir na vida e deixar as nossas pessoas as pessoas que foram importantes, foram amor, foram constantes na nossa vida.
Porque temos de viajar na vida leves? porque da vida nada levamos, porque da vida o que damos é melhor do que temos, porque na realidade nós precisamos de muito pouco... e aqui refiro-me não só a coisas mas também a memorias, a fardos, a historias, a ressentimentos, a faltas de perdão... o passado é bagagem pesada. O que passamos são lições é algo que nos deve ensinar a repetir o que fizemos ou a jamais repetir o que fizemos...serve para que possamos caminhar no verdadeiro sentido do Mais.
Não devemos arrastar como peso imenso que nos atrasa e nos prejudica.... larga o que passou e agarra o hoje. Agradece a lição e ama o hoje.

Porque temos de deixar pessoas para trás? às vezes porque a vida nos tira as pessoas físicas de perto de nos muito antes daquilo que nos achamos que devia ser o tempo delas ao pé de nós. E que dor medonha isso é!!
No dia 29 de Novembro se fosse vivo o meu único primo faria anos. José Miguel era o seu nome. Alias é ainda hoje. Foi a primeira pessoa importante (fundamental) para mim que tive de deixar fisicamente para trás, faz 14 anos este ano. Caminha ainda hoje comigo sempre e há de caminhar em alma e coração sempre comigo. Sempre. Sinto-o comigo no laboratório imensas vezes sinto-o comigo quando penso que às vezes só as vezes gostava de ter um primo cientista como eu, que ele talvez percebesse como poucos o duro desta vida. O Zé Miguel foi arrancado à vida brutalmente e à mãe e ao pai dele e à irmã dele. Todos eles caminham cá sem ele. Que sentido teve esta partida tão precoce? Tentada estou a dizer nenhum.... e será sempre para mim nenhum... NENHUM mesmo.
Mas o caminho tem de ser feito com sentido ou sem sentido as pessoas passam ensinam nos o que vieram cá nos ensinar e a vida segue ...
Doi? Sim. Muito
Sempre há de doer? Sim sempre
O que podemos fazer então? Aceitar o amor recebido de todas as pessoas que por nós passam... aceitar que todas as pessoas na nossa vida tem um tempo de chegar e um tempo de partir e que mais que tudo ... é no meio entre o chegar e o partir que a vida importa.
Hoje e sempre homenageia quem contigo se cruza e parte para sempre porque fisicamente partiu ou porque o teu tempo de vida com essa pessoa acabou.
Todas as pessoas que contigo se cruzam te deixam algo... e isso é teu para aprender e tomar posse. Tudo o mais. Doi. E deixa flui.


Amo-te como o vermelho dos morangos e o branco das flores


Tua mãe


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