quinta-feira, 16 de setembro de 2021

897 - Aqueles murros no estômago

Meu muito amado filho Estêvão.

Eu acho que por mais anos que vivas nunca vais conhecer ninguém na tua vida que tenha estudado e o continue a fazer tanto como a tua mãe. Estudo formal daqueles que nos dá licenciaturas, mestrados e doutoramentos e estudo informal aquele que nos dá sabedoria, mas queres saber tu tens sido de longe mas assim de longe longe o meu maior professor, quem me tem ensinado mais.

Desde que existes tens me virado do avesso uma e outra e outra vez e de todas as vezes eu acho que o meu novo avesso é o lado certo.

Ser tua mãe ver te crescer ouvir te nas tuas vontades nas tuas opiniões tem sido uma incrível aventura. 

Ouvir te no que não dizes também.

Desde que me lembro de saberes falar que me pedes poucas coisas: um irmão e um padrasto.... haaaa e para ires a Disneyland de Paris.

A ultima já podia ter acontecido não fosse a COVID19 as outras são complicadas ou diria eu melhor impossíveis.

Sinto diariamente que te falho com isso, percebo que te faça falta um irmão pela companhia pela responsabilidade pela partilha e percebo que há coisas que se falam com um homem de confiança que não consegues (mas devias!) falar comigo. Se pudesses ver o interior da minha cabeça do meu coração ias ver como isso tudo faz parte da minha preocupação constante contigo. A culpa de ter falhado.

A culpa alias é o meu nome do meio. É uma constante mas há dias em que essa culpa fica mais assanhada. Ontem por exemplo, esta madrugada por continuação.

Será que devia ter continuado a viver com o teu pai e as coisas seriam diferentes?

Será que devia trabalhar menos e passear mais contigo? para isso terias de estudar na escola publica e não onde estudas e isso seria melhor ou pior? não conheceres a musica faria de ti uma pessoa diferente? 

Será que te devia ter dado um irmão há uns anos ? ou ainda agora? 

Será que um padrasto faria de ti uma pessoa diferente? que requesitos devia eu ter para essa posição? estarei eu a ser muito exigente? pouco exigente?

Será que a pessoa que és, as coisas que gostas, as orientações que tens são de minha responsabilidade ? foi pelas minhas más escolhas ou boas escolhas? 

Onde é que eu errei? onde é que eu não errei?

Será que não errei em algum lado?

Os pais vêem aos pares por isso mesmo para haver conversa nas escolhas, para dividir a culpa, para dividir a responsabilidade?

Eu estou e estarei sempre sempre sempre aqui para ti, sempre sempre sempre para tudo para o que for, serei sempre tua mãe mesmo quando já cá não estiver, mesmo longe, mesmo quando não me quiseres ou não souberes ou não for ainda o tempo para me dizeres o que seja, o meu amor não diminuirá jamais haja o que houver.

Um dia se e quando fores pai vais perceber aquilo que te disse acima da culpa essa coisa amorfa mas não tanto assim essa coisa sem tamanho mas nem tanto assim que me faz questionar tudo sempre.


Amo-te infinitamente


Tua mãe 

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