Meu muito
amado filho Estêvão
Era uma vez
um grande homem que se casou com a mulher dos seus sonhos. Com amor criaram uma
menina.
Quando essa
menina estava a crescer o grande homem abraçava-a e dizia-lhe: “Amo-te, minha
menina!”. A rapariguinha fazia beicinho e dizia: “Já não sou uma menina!”.
Então o homem ria-se e dizia: “Para mim, serás sempre a minha menina!”.
A
menina-que-já-não-era-menina deixou a sua casa e enfrentou o mundo. Enquanto
aprendia mais sobre ela própria, aprendia mais sobre o homem. Uma das suas
forças era a sua capacidade de exprimir o seu amor pela sua família. Não
importava por onde tinha andado no mundo, o homem chamava-a e dizia-lhe:
“Amo-te, minha menina!”.
Chegou o dia
em que a menina-que-já-não-era-menina recebeu uma chamada telefónica. O grande
homem estava mal. Tinha sofrido acidente vascular cerebral. Não conseguia
falar, rir, sorrir, andar, abraçar, nem dizer à menina-que-já-não-era-menina
que a amava.
Ela foi para
a cabeceira do grande homem. Quando entrou no quarto e o viu, parecia pequeno e
não parecia nada forte. Olhou para ela e tentou falar mas não conseguiu.
A menina fez
a única coisa que podia fazer. Subiu para a cama, para o lado do grande homem e
pôs os braços em torno dos ombros inúteis de seu pai.
Com a cabeça
no peito dele, pensou em muitas coisas. Lembrou-se de como se sentia protegida
e acarinhada pelo grande homem. Sentia desgosto pela perda que ia sofrer, a das
palavras de amor que a confortavam.
E então
ouviu dentro do homem, o bater do seu coração. Este continuava a bater
despreocupado com os danos no resto do corpo. E enquanto ela ali descansava, a
magia aconteceu. Ouviu o que precisava de ouvir.
O coração
dizia, ao bater, o que a boca já não conseguia: “amo-te minha menina, amo-te
minha menina!”… e ela sentiu-se confortada.
Patty Hansen
Amo-te
demais
Tua mãe
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