Meu muito amado filho Estêvão
Hoje um recado de alguém muito importante para mim.
“O que eu gostava de te ensinar, Estevão?
Desta tia meio distante para ti, mas próxima do coração da tua mãe, o que eu gostava de te ensinar tem exatamente a ver com isso: Mães.
Sabes, eu também sou mãe. Isso mudou-me por completo, mas, acima de tudo, plantou em mim uma preocupação constante. E olha que a minha preocupação não tem a ver com as feridas que fazes a brincar, ou com o jantar que não foi o mais equilibrado do mundo, ou mesmo com a nota do teste que não correu bem. A minha preocupação é que não te magoes emocionalmente, daquele tipo de ferida que crava a alma, cresce contigo e acaba por moldar em quem te tornas...sabes? Sei que estou a lidar com impossibilidade, mas olha que eu tento :-)
O que te quero mesmo ensinar é que as mães, nomeadamente a tua, mesmo que pareçam capazes de tudo, são também seres frágeis, com limitações e particularidades e, ainda assim, encontram uma força hercúlea para cuidar de ti todos os dias, quase sem que repares, guiadas pela certeza de darem o seu melhor.
É dessa essência que as mães são feitas. É desse amor que nasce a capacidade de estar, de ser presente, mesmo que, à tua frente, esteja um ser com carências e feridas abertas, estancando o sangue só para te amparar no que precisas.
Não achas mágico? Quase sobrenatural, não é?
Há quem lhe chame amor, e talvez seja isso mesmo. Eu só sei que eu sou essa mãe para o meu filho — e que a tua é essa mãe para ti.
Um beijinho desta tua tia,
Filipa
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