Meu muito amado filho
Há dias assim... hoje o dia é de pessoas que não eu escreverem coisas para tu leres....
Mãe solteira não tem bode expiatório
Por Sofia Anjos
Não existem mães solteiras, existem mães. Disse-o o
Papa Francisco. Porque mãe não é um estado civil, caso contrário a taxa de
natalidade era ainda mais baixa. Solteira, casada, separada ou viúva são adjectivos
bastante instáveis. Quase todas as mulheres passam pelos quatro estados civis
numa vida em que o marido se fina primeiro. Mãe não muda, jamais, da sua
condição.
O facto é que há um surto de mães solteiras. Por opção
ou destino, reproduzem-se gravidezes seguidas de partos que se transformam em
maternidades de mulheres que viram mães (temporariamente) sós. E, excepto as
viúvas, mais vale só que mal acompanhada.
Mãos ao ar! Seja de ajuda ou de aplausos a quem tem as
mamas no sítio. É que quem dá conta do recado, neste caso um bebé a criar,
fazendo tudo o que as outras mães não solteiras fazem, sem ter uma ajudinha à
mão, é de se reconhecer mérito. Receio que o mérito seja uma palavra em desuso
mas o casamento também é.
Por “ajudinha” muita coisa cabe dentro da mão: alguém
que tome conta da criança cinco minutos porque se está mesmo aflitinha; pô-la
no berço implica um choro ininterrupto e o xixi não será tão aliviado; alguém
que se possa levantar uma só vez das dez que a mãe se levanta por noite; e alguém
que possa mandar a mãe para a cama quando esta adormece no sofá com a espinha
dorsal a lembrar o kamasutra.
Mãe solteira não tem bode expiatório. E é aqui que o
mérito lhe é atribuído. Admitemos que todas as mães precisam, a dado momento,
ir chatear alguém; só para aliviar do stress pois a criança fez uma birra
gigante para comer com as mãos e já tem bróculos a nascer nas orelhas. Então,
há alguém que vive ali em casa alienado dos legumes em orifícios infantis. O
pai, marido ou namorado, um dia defunto. E que até deixou cair uma migalha,
inocentemente, no sofá e à qual a mãe se agarra com todos os dentes e
transforma no álibi perfeito. Ah, Ah! Para fazer uma cena porque está mesmo
precisada. “Obrigada, querido”.
E mãe solteira faz o quê? Grita com o Cavaco na
televisão? Arranha as paredes? Fecha-se na casa de banho e insulta-se a si
própria ao espelho? É que um pai faz muita falta a uma mãe. Não apenas pelas
razões óbvias do amorzinho e do agora-é-a-tua-vez, mas também para os três
segundos diários de descarga da fúria maternal. As mães solteiras, no limite,
engolem as próprias palavras e deixam-nas ecoar mentalmente. Têm uma
percentagem ligeiramente superior de vernáculo impróprio para ser escutado por
bebés. As primeiras palavras dos seus filhos serão “Mamã”, “Caramba” e “Por
favor”. Muito bem educadinhos, cedo aprendem que quando se quer uma coisa,
acrescenta-se um “por favor”. Na memória dos seus tenros dez meses, registam a
sua mamã ajoelhada, junto ao berço, a rezar: “Dorme, amorzinho... por favor! Amanhã,
a mamã vai ter um dia tão difícil no trabalho, já são 4h da manhã... Colabora,
amor... Por favor.. Ó-ó...”
E as olheiras de pedinte são disfarçadas, na manhã
seguinte, com found-teintmal espalhado pela cara
sonolenta. Porque o despertador já tocou e hoje, como todos os dias, “desde que
nasceste, sou eu que te dou o leite, te visto e levo à creche”. Há toda uma
gestão diária de recursos que, no caso destas senhoras, é tarefa exclusiva. E
para serem bem-sucedidas, tratam de perceber que elas são o melhor recurso
humano a reter. Porque aceitam o desafio, inventam caminhos, cumprem os
objectivos. Mesmo que sonhassem estar a trabalhar em equipa, ter um maior
ordenado e mais dias de descanso.
Voltando ao Papa Francisco, também podíamos imaginá-lo
a dizer daqui a uns 50 anos: Não existem mães casadas, existem mães.
Hoje … é o que sou! Entre um monte de outras
coisas que sou também. Nós temos algumas ajudas muito importantes… e ainda bem!
E no final do meu mestrado a história vai ser … dorme Estêvão dorme porque a
mãe tem de estudar! dorme Estêvão dorme porque a mãe tem de arrumar a casa!
dorme Estêvão dorme porque a mãe tem de levar o lixo! dorme Estêvão dorme
porque a mãe tem de ir fazer sopa! dorme Estêvão dorme porque a mãe tem de ir
arrumar a mala para a escola!... enfim, és um grande grande grande grande
grande companheiro da mãe disso não há duvida nenhuma! E tu e eu somos o melhor
recurso humano a reter disso eu não tenho duvida… por isso temos de nos
poupar!!!
Pior que uma mentira, é não
saber viver sem elas.
Pior que uma mentira, é
esconder mentiras com outras mentiras. Onde as mentiras de sucedem em catadupa,
não sabendo quem mente, já o que é mentira. Ou o que é verdade.
Pior que uma mentira, é viver
vidas sem verdade alguma. Com mascarás. Com óculos escuros. Com glamour. Com
falsas palavras. Com falsas premissas. E sem nenhuma verdade.
Pior
que uma mentira, é chegar acreditar que a mentira é verdade mesmo sabendo que
nunca deixou de ser mentira.
Mentir
todos mentimos.
Viver
uma vida em mentira, é uma escolha. Patológica, diria.
Mais
vale na vida uma dura verdade que uma doce e mascarada mentira.
E
quanto aos que escolhem fazer da vida uma mentira, a maior verdade é que não
mentem para ninguém, a não ser para si próprios.
E
quantos aos que escolhem fazer da vida uma mentira, nunca saberão o quão
libertador é a transparência de sermos quem somos. Com todos os riscos. Com
todos os dissabores. Mas com toda a sinceridade.
Porque
mentir, todos mentimos.
Vivermos
só delas, é uma mentira.
By:
Diana Gaspar Duarte
Amo-te daqui à lua e de volta à terra
Tua mãe
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