Muito amado filho Estêvão
A grande maioria do que aqui te escrevo podes esquecer,
porque não tem nenhum significado NENHUM. Tudo o que te escrevo aqui podes
esquecer e jamais voltar a pensar nisso mas há uma coisa que nunca te podes
esquecer. Uma só. Esta: eu amo-te, amo-te infinitamente, amo-te como não me amo
a mim, amo-te que todo o meu ar é teu, amo-te e dou-te a minha vida, amo-te
acima de tudo, amo-te e só te quero ver feliz, quero que todas as tuas lagrimas
sejam minhas, amo-te quando estou perto, amo-te quando estou longe, amo-te sem
ego, amo-te mesmo que me queiras longe, amo-te mesmo que eu tenha que ficar
longe, amo-te sem hoje ontem ou amanha, és o meu Alfa e o meu Omega, amo-te de
modo a que não tenho nada mais que seja meu e tudo na vida é teu, amo-te sem
medida, amo-te sem numero, amo-te como se o meu corpo só tivesse ganho forma
quando tu passaste a existir, amar-te deu-me pernas, ar, braços, coragem e
força, por ti pelo amor que te tenho farei tudo, para o teu bem nada me parará.
O único propósito da minha vida é o teu sorriso a tua felicidade.
"Sempre que pronunciamos um “Amo-te!” a alguém, estamos
a prometer-lhe vida eterna, estamos a jurar-lhe que nunca morrerá. "Forte
como a Morte é o Amor", canta a amada da Escritura (Ct 8, 6), para
oferecer palavras bonitas à experiência que nós mesmos fazemos tantas vezes e de tantas maneiras.
Um Deus que nos diz “Amo-te” é um Deus
que nos diz “Não me morrerás, não te deixarei morrer nunca!”
“A Dra. Ruth Westheimer, terapeuta sexual alemã de enorme
sucesso mundial, que teve durante décadas um programa diário na televisão
norte-americana onde ajudou milhares de pessoas a resolver e ultrapassar vários
problemas, ícone cultural dos anos 80, nasceu em 1928 na Alemanha, viveu alguns
anos da sua vida num orfanato, tendo sido já quase adolescente adotada,
emigrado para os EUA onde estudou, viajou, aprendeu a falar 8 línguas, estudou
e ensinou em Priceton e Yale, casou teve filhos (2 filhos biológicos e 2 adotivos), foi considerada uma das 10
pessoas mais influentes no mundo. Apesar do orfanato onde viveu durante alguns anos ter,
segundo ela, as melhores condições possíveis e ter-lhe possibilitado estudar e ter-lhe possibilitado aprender muito… Dra. Ruth durante vários anos viveu
revoltada e magoada por não perceber porque a mãe a abandonou no orfanato.
Em 1968 recebeu uma
carta suja que lhe chegou às mãos pela Associação Alemã de Judeus Refugiados da
II Guerra Mundial. A carta era da sua mãe biológica: Irma Siegle, que morreu em
1945 no campo de concentração de Auschwitz e que
escreveu a carta 5 dias antes de morrer gaseada e a entregou a uma outra mulher
no campo que sobreviveu e a entregou a Ruth.
Dra.
Ruth sempre disse que essa carta lhe salvou a vida, essa carta a fez entender
verdadeiramente o sentido do amor, mas o verdadeiro amor, o amor sem ego, o
amor que não se prende com o que é correto, o amor que é do objecto amado e não
de quem ama, um amor que é dar-se sem conta, o amor que não se prende com o que
“eu gostava de fazer” mas sim com o “que tem de ser feito”, o amor que não é
estar perto ou longe mas sim o amor verdadeiro que é só querer o bem do outro
custe o que custar.
A
carta era muito curta e dizia.
“Minha
querida filha Karola Ruth Siegel amo-te. Amo-te
muito. Se estiveres a ler esta carta então já não estarei contigo em corpo, mas
estarei muito longe a olhar por ti. Sempre. Só te desejo o melhor. E se no
futuro fores feliz e te realizares como pessoa tudo o que eu passei, toda a dor
que foi deixar-te no orfanato na Suíça terá valido a pena. Quando os Nazis
levaram o teu pai eu tomei a única decisão possível e levei-te para o orfanato.
Fi-lo porque entre nenhuma hipótese de sobreviveres e uma hipótese de teres
comida no prato e estudos, o meu amor falou mais alto. Ficar contigo era o que
eu queria, era o mais fácil mas ter-te-ia trazido aqui comigo e não sei onde
estarias agora mas sei que terás mais possibilidades de sobrevivência onde te
deixei. Pelo menos assim espero.
Seja o que for que te tornes na vida não queria que deixasses
de acreditar no amor que te tenho. É tanto que me alimentei dele até hoje. É
tanto que se não te pude dar uma vida melhor, deixei-te onde poderás ganhar
essa vida.
Amo-te muito amada filha.”
Amo-te meu amor maior
Tua mãe
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