Amado filho
Hoje voltamos outra vez ao amor... e voltaremos muito mais vezes tal é a sua importância.
O Amor não tem de obedecer a razão alguma.
Nem sequer conseguimos escolher gostar ou não desta ou daquela pessoa.
Simplesmente se gosta! Simplesmente amamos! É como um íman que atrai...
Não
amo alguém porque a pessoa se veste bem ou porque é educado. Amo porque há uma
empatia especial, um sentimento inexplicável que não consigo controlar. Amo
pelo conjunto de qualidades e não pela cor dos olhos ou pelo tom de pele. Amo
pelo olhar sincero, pela fragilidade quando menos se espera e pela força
inesperada. Amo isto e aquilo que há na pessoa, amo defeitos e qualidades.
Posso até amar a pessoa errada mas tenho consciência de que a pessoa certa
também não existe.
O
Amor faz com que se tenha sede da presença, faz desejar cada beijo, faz deixar
para trás todos os erros e preconceitos, tudo o que fizemos achando que era
certo e que agora condenamos.
Amor!
Que sentimento indecifrável! Podia escrever tanta coisa, mas tanta coisa
depende de outras tantas coisas que vamos sentido em cada momento. Apenas sei
que é um sentimento forte, que nos faz sorrir mas que também nos faz chorar.
Porque o amor é assim, uma fragilidade que nos torna fortes e é também uma
força que nos torna frágeis.
Amar
é lembrar momentos com um sorriso no
rosto, é deixar que a vida enxugue algumas lágrimas que caem. Mas o tempo ajuda
na recuperação das tais doenças de Amor. Hoje adoecemos, amanhã estamos
curados. Hoje discutimos para amanhã nos amarmos!
Amamos o jeito, amamos cada mania, amamos até o que nos irrita... só
porque amamos! Mas é tão complicado amar como saber gerir cada cor que
pincelamos no mais simples quadro.
O Amor
tem um magnetismo inquietante que me prende e mesmo quando quero fugir dele não
sou capaz, parece que corro e esse amor segue cada passo que dou.
Não
sei se isto já vos aconteceu mas é que às vezes apetece-me fugir do amor,
esquecer sentimentos e viver de forma mais racional e calma. Porque seria mais
sensato, porque se não amarmos também não nos magoam. Porque o amor é uma
palavra bonita mas não é apenas isso! O amor também fere, também magoa. E não
me refiro apenas do amor entre dois enamorados, na amizade acaba por ser assim
também. Porque não amamos da mesma forma e cada pessoa é amada de uma maneira
única.
Amo
tantas pessoas, e cada amor é diferente do outro. Não escolho quem amo, mas amo
incondicionalmente. Sem razão, sem
falsas palavras. Apenas amo. Seja bom ou mau... é amor!
Às
vezes para amar temos de esquecer de como são as nossas almas e deixar que os
corpos e os olhos simplesmente se entendam!
O
amor é um detalhe (um grande detalhe) que nos faz mudar ao longo de cada dia...
O Amor não tem as suas próprias leis, é um sentimento totalmente desorganizado.
Bom
mesmo era podermos amar todas as vezes com a ingenuidade de como foi a nossa
primeira vez e acreditar que o amor é sempre algo bonito e cor-de-rosa.
Não
conseguimos fazer a nossa existência nesta vida sem acreditar no amor. Afinal o
que seria da vida sem o risco? Sem o amor e o desejo? Sem a paixão e o
devaneio? No amor existe risco de sermos felizes, o desejo de podermos amar, a
paixão que nos cega quase totalmente mas que nos faz sorrir sem razão, existe o
devaneio da ilusão de ser para toda a vida, mesmo que não seja... Porque o amor
é assim! E porque somos assim, seres que não vivem sem amor!
Deixo-te em baixo um texto de alguém que muito melhor que eu fala do amor... e de que maneira.
“Há coisas que não são para se perceberem.
Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la.
Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O
que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de
clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer.
Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor
impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se
por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo
ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque
é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das
calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos
pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram
logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os
amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O
amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A
paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma
questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de
verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do
amorcego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou
farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de
hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia,
são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo
bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,
borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já
ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o
medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e
que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor
não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a
pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa
estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta
mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde
quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços,
flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da
serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para
nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto
pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos
levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno
aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A
"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não
é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem
tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é
para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a
nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não
larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão
é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o
que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor
é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração
apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por
muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E
durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que
nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É
sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a
esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado
de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma
coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de
amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Miguel Esteves Cardoso - Expresso
Amo-te cada dia mais e mais e mais.
Tua mãe
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