sexta-feira, 19 de novembro de 2021

903 - Escolher um filho e escolher um pai

 Meu muito amado filho Estêvão


Hoje queria falar-te sobre escolhas.

Eu cresci na fé católica e é nessa que vivo. Para Jesus Cristo a vida começa na junção de duas células e termina com a morte natural. 

Sempre defenderei isto.

Na minha vida e não só por respeito mas também por muita curiosidade eu estudei penso que todas as religiões que pude conhecer.

Todas tem Deus (ou Deuses) como organizador do universo. Todas as religiões a sua maneira explicam o inicio do universo, da vida e tem o seu código de funcionamento. Todas tem a sua teoria para o que acontece depois da morte já que esse é o imenso mistério nem  ao de perto resolvido.

Os cristãos espiritas acreditam que o espirito retoma à existência física após a morte do corpo físico. Eu não sei quem está certo ou errado sobre o que acontece depois da morte e se voltamos ou não voltamos em relação a isso terás sempre o teu caminho leve-te ele onde leve.

Mas agora queria falar te de uma coisa que sem ter forma propriamente dita ou pelo menos eu não lhe dou nem consigo dar nenhuma forma.

As almas quando estão para nascer tem uma conversa com Deus e escolhem a família onde vão nascer, escolhem a história que vão viver, seja viver 3 semanas e ser abortado, seja nascer com alguma deficiência e leva-la para a vida, seja nascer numa família sem pai e mão, seja nascer numa família com um pai alcoólico ou num pais onde as crianças começam a trabalhar aos 3 anos ou onde há guerra ou onde não se passa nada disto... a escolha é sempre uma escolha ativa e sempre da alma que vai nascer. Pelo menos é assim que eu imagino que seja.

Sempre penso nas tuas razões. Nas tuas razões para a escolha que fizeste. Porquê eu? Porquê o teu pai?

Porquê a tua escolha? 

Tu ensinas-me tanto tanto tanto diariamente eu cresco como pessoa quando te oiço quando vejo o jovem que te tornas diante dos meus olhos. 

Qual é a tua missão? E como é que teres escolhido esta mãe contribui para isso.

Eu acho que todos nos temos essa missão claríssima quando nascemos mas caramba não falamos e depois a vida faz nos perder a essência, a escola, a rotina, as pessoas a tua volta, vão de algum modo fazendo-te crer que não es capaz. Eu não quero ser essa pessoa.

Eu quero sempre sempre que saibas que a missão que recebeste tem em mim eco e que quero que acredites que es sempre sempre capaz.

Quero que nunca abdiques dos teus sonhos.

Quero que nunca te esqueças do contrato que celebraste com Deus.

Nunca.

Dizem que antes de morrermos a nossa vida inteira nos passa em frente dos olhos, e que nos vemos tudo aquilo que vivemos e que nesse momento se da o encontro entre a pessoa que te tornaste e a pessoa que poderias ter sido, deve ser horrível dar de caras com a pessoa que poderíamos ter sido e verificar que ela é muito melhor do que a pessoa que fomos e nesse momento perceber as oportunidades que perdemos, as promessas de Deus que não se cumpriram em nós. 

Escolheste uma família para nascer, um pais, uma época, um tempo, um corpo. Que eu seja digna da tua escolha é o que profundamente desejo.


Amo-te infinitamente


Tua mãe


Nenhum comentário:

Postar um comentário

1052 - Carta a um filho de um pai (que não sou eu mas podia ser)

 Meu muito amado filho Estevão  Hoje do escritor Pedro Chagas Freitas [carta ao meu filho] Promete-me. Promete-me que vais tentar. Que vais ...