Meu muito amado filho Estêvão
Deixo-te aqui hoje um texto para leres e pensares.
"O meu filho Joey nasceu com um pé boto. Os médicos garantiram-nos que com tratamento poderia andar normalmente - mas, tambem que nunca poderia correr. Os primeiros três anos de vida foram passados em operações, gesso e aparelhos metálicos. Aos oito anos, ao vê-lo andar ninguém diria que tinha um problema.
As crianças do bairro corriam como fazem a maior parte das crianças a brincar e Joey, andava com elas, corria e brincava tambem. Nunca lhe dissemos que, provavelmente não conseguia corrrer tão bem como as outras crianças. Por isso, ele não sabia.
Quando andava no ciclo decidiu entrar numa equipa de corta-mato. Todos os dias treinava com a equipa. Esforcava-se mais e corria mais do que os outros - sentia, talvez, que as capacidades que pareciam ser naturais em tantos outros não eram naturais nele. Embora toda a equipa corra, apenas os sete melhores corredores têm possibilidade de marcar pontos para a escola. Nunca lhe dissemos que provavelmente não poderia entrar para a equipa, por isso não sabia.
Continuava a correr três e quatro quilómetros por dia, mesmo no dia em que teve 38º de febre. Estava preocupada, por isso fui ter com ele depois da escola. Dei com ele a correr sozinho. Perguntei-lhe como se sentia. "Bem", respondeu. Ainda tinha mais um quilómetro e meio para correr. O suor escorria-lhe pela cara e tinha os olhos brilhantes da febre. Porém, olhava em frente e continuava a correr. Não lhe dissemos que não podia correr três quilómetros com 38º de febre. Por isso não sabia.
Duas semanas depois, os nomes dos corredores da equipa foram revelados. O Joey entrara para a equipa. Estava no ciclo, os outros seis membros da equipa eram todos muito mais velhos. Nunca lhe dissemos que não devia esperar integrar a equipa. Nunca lhe dissemos que não podia fazê-lo... por isso não sabia. Mas fê-lo!
Amo-te simplesmente
Tua mãe
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