quarta-feira, 3 de setembro de 2014

405 - Morrem cedo os que os Deuses amam e os anjos que guardam as mães

Meu muito amado filho Estêvão

Amo-te infinitamente. Como se só tivesse começado a viver verdadeiramente quando nasceste.

Hoje morreu a Nôno, a Nonô tinha 5 anos e durante 15 meses lutou como um homem crescido contra um tumor que a levou. Lutou mesmo, como todas as forças com todas as células, rodeada de luz e de energia.
Lutou. Sem nunca desistir.
Há pessoas que não precisam ficar cá muito tempo para serem absolutamente inesquecíveis, há pessoas que já estão tão avançadas no autoconhecimento, no caminho do bem que tocam tudo e todos, iluminam o caminho e o mundo e partem ... porque os Deuses os querem ao pé deles.
Este Nôno era assim... tal e qual uma guerreira... e hoje sei é uma estrela luminosa no céu.
Mas sabes o que toda esta história me lembrou....

De agradecer a Deus teres saude. Eu ter saude. A tua avó ter saude. Todos os meus amigos terem saude e lutarem por ela.

Obrigada meu Deus.

Lembrou-me tambem que a vida é tão simples e nós bem a complicamos .... um cancro aos 4 anos é um problema mesmo sério.... tudo o mais posto em pespectiva .... é tão minusculo tão minusculo.

Agradece e põe tudo em prespectiva. Tudo.

E lembrou-me outra coisa. Quem foi a sombra, a enorme, o motor, a perna, o braço da Nóno estes 15 meses? A mãe dela. Sempre humana, sempre tão humana e humilde... tão mãe. Que aqui e agora eu quero homenagear a minha mãe que é mulher guerreira, mulher batalhadora, que leva o mundo com ela, que acredita que luta sempre... e não perdeu o coração.
Quero homenagear todas TODAS TODAS as minhas amigas que são mães as Marias, as Alexandras, as Anas, as Claudias, as Cristinas, as Isabeis, as Fernandas, as Patricias, as Martas, as Raqueis, as Fatimas, as Ines, as Ritas e todas e todas e todas.... todas as que acordam e vão à luta as que antes de meter o pé fora da cama já fizeram tanta coisa, as que são raios de luz e de sol e que lutam tantas vezes sozinhas pela vida dos filhos. Contra sois, luas, tumores, livros, fraldas, montes e vales.
Por todas as que não comem para que eles comam.
Para todas as que não dormem para que eles durmam.
Para todas as cavam para que eles tenham descanço.

Meu amado filho, não há nome para um pai que perde um filho... o natural é um filho perder um pai ... não é intangivel para mim o que doi. E doi. E doi.

Amar-te é a minha missão isso eu sei. Fazer tudo TUDO para que não te falte o que vestir, o que comer, saude, e onde estudar, dar-te raizes para voltares e assas para voares para longe e te cumprires como luz de Deus.

Hoje em especial tenho muito presente as mães que sofrem pelos filhos.
A minha que sofre tanto por mim e por ti.
As minhas amigas mães que sofrem por cada um dos seus filhos.
A mãe da Nonô e de todas as crianças que vão cedo demais.

Um dia quando fores pai vais ler o que te escrevi aqui e vai perceber melhor o que agora te digo e uma vez mais te peço o que sempre te hei-de pedir... Sê na vida para os outros exemplo do bem maior, do amor maior, da luz maior que tens em ti.



Amo-te infinitamente

Tua mãe

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