Meu muito amado filho Estêvão
Estamos tão acostumados a reagir por
impulso quando alguém nos magoa, que acabamos envenenando o nosso dia ou, às
vezes, a nossa vida.
Este conto budista mostra-nos que muitas
vezes a nossa felicidade pode depender da nossa capacidade de ignorar aqueles
que nos prejudicam.
Quantas vezes nos sentimos ofendidos,
tristes, irritados com o comportamento dos outros? Estas reações são comuns e
fazem parte do comportamento normal do ser humano.
O problema surge quando os sentimentos
negativos começam a aflorar e acabam a desgastar-nos.
Aprender a ignorar uma pessoa tóxica não
é simples, mas envolve uma profunda mudança de atitude. Devemos aprender a
abrir a mente e a ver as coisas sob um outro ponto de vista.
Nesse sentido, existe uma técnica de
“aceitação radical”, uma técnica desenvolvida pela psicóloga Marsha M. Linehan
da Universidade de Washington.
Trata-se de aceitar algo sem
julgamentos. Vamos dar um exemplo: quando alguém nos irrita com suas palavras
ou com seus gestos, é porque nós mesmos esperamos determinados comportamentos
daquele alguém, e rejeitamos um comportamento diverso daquele que tínhamos
imaginado.
Segundo Linehan, essa rejeição alimenta
a frustração, o ressentimento, o ódio ou a tristeza e, ao contrário, quando se
pratica a aceitação radical, se aceita simplesmente o que quer que tenha
acontecido, sem entrar no julgamento do mérito.
A distância psicológica cria uma espécie
de escudo e garante que, em uma ou em outra situação, não sejamos
emocionalmente prejudicados.
“Dizem que uma vez, um homem aproximou-se
de Buda e, sem dizer uma palavra, cuspiu-lhe em seu rosto. Seus discípulos
ficaram super irritados.
Ananda, o discípulo mais próximo,
perguntou a Buda:
– Dê-me permissão para dar a este homem
o que ele merece!
Buda limpou a cara calmamente e
respondeu a Ananda:
– Não. Vou falar eu com ele.
E juntando as palmas das mãos em sinal
de reverência, Buda disse ao homem:
– Obrigado. Com o seu gesto, você
permitiu que eu visse que a raiva me abandonou. Estou extremamente agradecido.
O seu gesto também mostrou que Ananda e os outros discípulos ainda são
assaltados pela raiva. Obrigado! Somos muito gratos!
Obviamente, o homem não acreditou no que
ouviu, ele sentiu-se comovido e angustiado. Ele não conseguia explicar o que
tinha acontecido. Ele foi acometido por um tremor por todo o corpo e seu suor
molhou os lençóis onde dormiu.
Na sua vida, nunca havia conhecido um
homem com um carisma tão forte. O Buda modificou todos os seus pensamentos e
todo o seu modo de viver e de agir.
Na manhã seguinte, o homem voltou ao
mestre e jogou-se aos seus pés. Então o Buda se voltou para Ananda:
– Você viu? Esse homem voltou para me
dizer algo. Esse gesto de tocar meus pés é a maneira dele de me dizer algo que
não poderia ser explicado em palavras.
O homem olhou para o Buda e disse:
– Perdoe-me pelo que fiz com você ontem.
O mestre respondeu que não havia nada
para perdoá-lo e explicou-lhe:
– Como o fluxo do Ganges faz com que
suas águas nunca sejam as mesmas, então nenhum homem é o mesmo de antes. Eu não
sou a mesma pessoa com a qual você esteve ontem. E nem mesmo aquele que me
cuspiu, está agora aqui.
Não vejo ninguém tão zangado quanto a
ele. Agora você não é mais o mesmo homem de ontem, você não está fazendo nada
comigo, então não há nada de que eu possa perdoar-te. As duas pessoas, o homem
que cuspiu e o homem que recebeu o cuspe, já não estão mais aqui. Então, agora
vamos falar de outra coisa.”
A pessoa sincera e justa não tem motivos
para reagir às ofensas porque estas provêm da imagem que uma mente distorcida
pode ter, e não da realidade dos fatos.
Então, se alguém se comportar mal com
você, não deixe atitude dessa alterar seu equilíbrio psicológico. Isso só
prejudica você e à quem você dá muita importância.
Buda então nos ensina que as coisas
podem mudar rapidamente, e também que devemos ter inteligência para compreender
isso.
Às vezes, passam-se meses antes das
desculpas chegarem (se é que chegam), mas o mestre diz-nos que não há motivo
para levar a mal algo que, tendo passado, no presente já não existe mais.
Em julho enviei uma mensagem a uma
pessoa, em setembro outra e hoje outra de nenhuma obtive qualquer resposta …. Ou
melhor recebi uma …. O total e completo silêncio… para mim que não faço isso a ninguém
sob nenhuma circunstância fico triste e zangada por alguém que eu tanto
considero não me responder mais que não seja a despedir-se …. Esta historia do
Buda lembra-me sempre que é assim que as coisas são eu não posso esperar de ninguém
aquilo que eu gostava que fossem ou fizessem.
Quando alguém fizer algo que te entristece,
que põe o teu coração triste que te leve a questionar porquê eu? Porquê isto? ….
Afasta-te e envia luz muita luz e pensamentos felizes, encontra no teu imenso
coração lugar onde pões amor para essa pessoa que claramente precisa mais que
tu, porque só alguém que tem muita falta de amor pode recusar o teu amor.
Dá sempre amor sempre sempre sempre não
importa se tens resposta ou não não importa se és ignorado ou não dá amor amor
amor e amor nada mais que isso e não esperes nada de ninguém nada …. As pessoas
dão o que têm quem.
Amo-te infinitamente
Tua mãe