segunda-feira, 13 de agosto de 2012

84 – Quem é Deus para ti?


Amado filho
Um dia talvez me faças essa pergunta: quem é Deus para ti?
É uma pergunta que me fiz muitas vezes. É uma pergunta que se faz quando se procura saber o nosso lugar e o nosso caminho na vida espiritual.
Quem é Deus para mim?
O meu Deus de hoje é bem diferente do meu Deus de há anos atras e provavelmente será um Deus diferente do Deus do meu futuro.
O Deus que a avó Júlia e o avô Francisco me apresentaram foi o meu Deus de criança. Era já Cristo ressuscitado, mas um Deus “policia” que servia para de algum modo ser a consciência que as crianças e os jovens não têm (ou tem pouco) e era o Deus do não fazer o mal, do ser bonzinho, do não roubar, do não mentir. Depois passou pela fase do Deus “pai-natal” ou como lhe gosto de chamar Deus “menu de restaurante” aquele Deus a quem pedidos coisas: “que o exame corra bem”, “que a dor passe”, “que eu ganhe o euro-milhões” … sei lá o Deus de pedir.
Depois passei por uma fase em que procurei e estudei os Deuses que não o Cristo ressuscitado, os outros Deuses das outras pessoas do mundo. Estudei o Corão, li a Tora, fui ter catequese à mesquita, fui à sinagoga, falei com evangélicos, adventistas, tibetanos, com ateus, com agnósticos enfim questionei o Cristo ressuscitado à luz das outras fés do mundo. E aprendi muito. Aprendi que Deus é um só mas com muitas formas. Que Deus é bom é maravilhoso. Que todas as crenças do mundo devem ser respeitadas que te todas se tiram grandes lições de vida.
O meu Deus hoje quem é afinal?!
O meu Deus é o Jesus Cristo é filho de Deus é Deus ressuscitado é amor puro. É o Deus de Santo Inácio é o Deus que Santo Inácio descreve no “Principio e Fundamento”: “O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim salvar a sua alma. E as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a alcançar o fim para que é criado. Donde se segue que há-de usar delas tanto quanto o ajudem a atingir o seu fim, e há-de privar-se delas tanto quanto dele o afastem.
Pelo que é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduz ao fim para que somos criados.”
O meu Deus é o Deus da eucaristia, mas é também um Deus que é maior que a eucaristia.
O meu Deus é o Deus do meu exame de consciência diário (conforme te expliquei num outro texto já lá a trás) porque é na avaliação das minhas ações e comportamentos diários que eu seu se caminho em consolação ou em desolação, é da avaliação diária que a minha conversa com Deus acontece.
O meu Deus não é o Deus de muitos Pais-Nossos e muitas Ave-marias. Ou melhor… vou explicar, rezar o terço é muito importante mas nunca confundas rezar que é conversar com repetir orações que devem servir apenas de “olá” e “adeus”… quando conversas com um amigo não passas o tempo todo a dizer ola e adeus pois não? Olá e adeus é isso mesmo Pais-Nossos e Ave-marias. Rezar é agradecer, fazer perguntas e ouvir as respostas.
O meu Deus é o Deus que eu encontro no silêncio mas que não me dá silêncio. O meu Deus é o Deus que quando eu faço perguntas sempre me dá respostas, o meu Deus não acha que o “silêncio” é uma resposta. O silêncio nunca é resposta as tuas perguntas. O meu Deus responde a todas as minhas questões mesmo que eu repita varias vezes a mesma pergunta.
No silêncio diário das minhas orações no exame de consciência quando eu sou mesmo eu é nessas alturas que o meu Deus conversa comigo.
Nunca lhe peço nada. Para quê? Pedir é em restaurante quando há alternativas e eu escolho o que penso ser melhor para mim arriscando-me a comer “gato por lebre”… Deus sabe quem eu sou antes de eu saber quem era, Deus conhece o meu caminho Deus sabe o que é melhor para mim… mesmo que eu pense e saiba que os desígnios de Deus são intangíveis (que são mesmo) ele sabe exatamente o que eu preciso o que eu tenho de aprender e onde eu devo estar. Por isso pedir o que? Quem pede “brinca de Deus” brinca de fazer o mapa quando Ele é que o tem. Eu só peço coragem para o caminho, força para aprender e confiança Nele. Confiança significa aquilo que Santo Inácio diz com “indiferença inaciana” que é expor as opções pedir conselho sem atribuir nas opções valores, gosto pessoais, vontades. É ser e dizer “faça-me como Tu queres e só como tu queres” e dai me forças para aprender e coragem para agradecer. Esse é o meu Deus.
É um Deus que se faz presente mesmo quando eu penso que ele me abandonou totalmente. É um Deus tão meu amigo tão meu amigo que sempre me mostra o caminho do MAIS o caminho do ser melhor que “bonzinho” com ser MAIS ser e cumprir o meus “talentos” ou seja cumprir o melhor que Deus me deu é ser o melhor que conseguir ser em tudo. Melhor, meu filho não tem honras nem honrarias associadas não é nada disso ser o MAIS ser o melhor que posso ser é cumprir o bem que Deus pós em mim para o “amar e servir”, é usar o que tenho dentro de mim para cumprir o melhor que posso ser. E esse melhor não é “para mim” num sentido egoísta e pequenino é o melhor para a minha alma para mim como ser de Cristo alma de Deus.
Rezar para agradecer esse é o meu Deus… o Deus que tudo o que me dá é bom mesmo que eu me revolte com ele mesmo que eu me zangue com ele…. eu só vejo a estrada à minha frente ele vê o caminho completo. O meu Deus não se zanga por eu me zangar com Ele.
Nunca deixa uma pergunta sem resposta nunca se esconde atras de silêncios mas encontra-me sempre no silêncio.
Na tua vida vais ter muitos Deus, vais-te cruzar com os Deus de muitas pessoas. Mas este é o meu Deus.
O meu Deus é o Deus do texto “Pegadas na areia”.
“Uma noite eu tive um sonho.
Sonhei que estava a andar na praia com o Senhor
e a minha frente, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados
dois pares de pegadas na areia;
Um era meu e o outro do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou
Diante de nós, olhei para trás, para as pegadas
Na areia e notei que muitas vezes, no caminho da
Minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também, que isso aconteceu nos momentos
Mais difíceis e angustiosos da minha vida.
Isso entristeceu-me muito, e perguntei
Então ao Senhor.
" Senhor, Tu disseste-me que, uma vez
que eu resolvi seguir Te, Tu andarias sempre
comigo, Durante a minha caminhada , notei que
nos momentos mais Difíceis da minha vida
havia apenas um par de pegadas na areia.
Não compreendo porque nas horas que mais
necessitava de Ti, Tu me deixastes."
O Senhor respondeu-me:
"- Meu Irmão. Eu Amo te e
jamais te deixaria nas horas da tua prova
e do teu sofrimento.
Quando vistes na areia, apenas um par
de pegadas, foi exatamente aí que EU,
Te carreguei nos braços..."

Explique-te quem é o meu Deus?
Amo-te muito amo-te como um pêssego em agosto lindo sumarento esplendido.

Deixo-te ainda uma meditação sobre estes assuntos que hoje te apresento.

“Meditação sobre o “Princípio e Fundamento”
por Luiz Beltrão*
Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola começam propriamente com uma meditação intitulada Princípio e Fundamento – P&F. Trata-se de um texto curto e direto, porém denso em significado e conteúdo. Proponho uma breve meditação sobre esse tema que nos abre a porta para o fascinante e encantador itinerário espiritual desenvolvido e experimentado pelo fundador da Companhia de Jesus.
O início do P&F se dá com estas palavras: “O homem foi criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim salvar a sua alma”. Logo chama atenção a teleologia, o sentido, o propósito da criação. Há uma intencionalidade na ação criadora de Deus. O homem é criado para, logo ele não é o fim, o projeto-alvo, mas deve se situar na perspectiva do plano de Deus. A finalidade de toda a criação é convergir para o seio da Trindade, onde haverá plena participação e comunhão em Deus que é vida e comunicação. E o homem participa desse processo no qual é particularmente convidado a contribuir com sua inteligência e criatividade na condução da criação para esse mesmo fim.
Vejamos, agora, o sentido de cada uma das palavras.
A expressão louvar implica a atitude de atenção, de admiração, de contemplação, de espanto e de encantamento em relação ao Absoluto. Não se trata de temor, mas de maravilhamento diante da beleza, da majestade e da ternura infinitas de Deus que, do alto de sua glória, decide livremente a tudo criar e convidar a participar consigo de Sua plena felicidade. O encantamento exige prestar atenção, parar, se admirar, se enamorar por Deus e por sua obra. Implica silêncio, escuta, pausa, atitudes pouco valorizadas em nossa sociedade que privilegia a pressa e as relações efêmeras e superficiais.
Adivirta-se que a mesma atitude de encantamento carrega, inevitavelmente, um outro lado, como que a outra face de uma mesma moeda. Trata-se da atitude de indignação, quando a realidade criada por Deus é aviltada e pervertida em seus propósitos. Se, de um lado, o louvor tende a elevar os olhos aos céus, num gesto de completo extasiamento, por outro viés esses olhos necessitam permanecer sempre abertos e atentos à realidade, para que a glória de Deus atinja, de fato, todos os recantos que o homem possa influenciar. A indignação é a chama que arde e que consome o ser humano, impelindo a reorientar a Glória e a Justiça de Deus que deixaram de ser percebidas e contempladas em determinada realidade. Em suma, o louvor no P&F implica reconhecer dócil e ternamente a Deus como a meta mais além para a qual toda existência se projeta, sobre o que importa a participação e a colaboração inflamadas do próprio homem.
Em seguida, há o reverenciar. Por meio da reverência, o cavaleiro ou o servo se curvam, se prostram diante de seu senhor e a ele se tornam disponíveis. Em Santo Inácio o reverenciar se relaciona com essa atitude de acolhimento humilde, de se colocar à disposição, de se dobrar à vontade do Outro, se conformando com o Seu querer. É a postura de quem se deixa plasmar e moldar sem reservas pelas mãos de Deus, como o barro nas mãos do oleiro (Jr, 18,1-6). A reverência obriga o silêncio, a fim de que se escute com atenção a essa outra voz, que chama o servo a servir. Pois muitas vozes se fazem presentes na mente atribulada e acelerada do homem moderno. Reverenciar significa reconhecer que não podemos atingir nossa felicidade sozinhos, que nosso coração só encontra pouso e sentido na voz de um Outro que é mais interior que o mais íntimo de nós mesmos (Santo Agostinho, Confissões).
Há, depois, o servir. Tendo prestado atenção, se embevecido de encantamento e amor por Deus, internalizado Sua vontade, se deixado moldar por Suas mãos e se disposto a fazer o que Ele quer, resta ao servo partir e colocar em prática a vontade de Deus. O serviço implica ao peregrino entrar de modo consciente e ativo na ciranda da existência, no bonde da história, acrescentando a essa sinfonia o seu timbre próprio, cooperando com Deus na Sua obra para que tudo se potencialize, se harmonize, cumpra o seu fim e se encontre em Deus. Servir a Deus é se afinar ao Seu projeto de levar a história à plenitude, onde todos tenham vida em abundância. Jesus deu a esse projeto o nome de Reino de Deus; esta deve ser a nossa bandeira, a nossa causa, pois são a causa e a bandeira de Jesus.
No fim da primeira frase do P&F Santo Inácio diz: “e assim salvar a sua alma”. Há muitas acepções para o termo salvar, mas aproximam-se do que nos parece razoável os significados de livrar do perigo, levar a um lugar seguro. Mais precisamente, tem a ver com encontrar pouso, repouso, lugar onde se fica em paz, em segurança, em harmonia. Salvar, nesse sentido, tem a conotação de completar-se, de plenificar-se, de encontrar sentido, o que só ocorre em Deus. Salvar é imprimir significado à existência, cuja meta só pode ser o coração de Deus, onde tudo se completa, se integra, se harmoniza.
As três expressões, louvar, reverenciar e servir, apenas têm sentido se se imbuírem uma da outra. São diferentes matizes de um mesmo feixe de luz. O louvor, relacionamento amoroso, apenas tem sentido se encontra ouvidos atentos e almas dispostas a se deixarem moldar por esse amor, o que necessariamente implica transbordamento em ação-serviço. A reverência só é verdadeira se brota de uma experiência amorosa (louvor) e apenas é válida se se torna concreta em gestos de disponibilidade e doação. O serviço só é digno e fecundo se é decorrência da plena apropriação e total identificação com os planos e vontades de Deus que deverão ser construídos, o que ocorre apenas após uma profunda reverência e conformidade amorosa de quem se deixou amar e envolver pelo Senhor. E tudo isso é o que significa salvar a alma, dar-lhe pouso, sentido, completude e paz.
Indiferença amorosa
Tudo é criado para o fim, que é Deus mesmo. Esse para indica processo, percurso, caminho. Ao longo desse itinerário tudo se encontra em movimento, numa dança evolutiva, em busca de sínteses cada vez maiores e mais complexas. Formamos, toda a existência, uma grande família, uma magnífica sinfonia, uma maravilhosa teia que terá sua consumação plena e definitiva em Deus. Em relação a essa teia não nos cabe isolar-nos. É imperativo o relacionamento, a interdependência, a comunicação, a comunhão e a solidariedade, pois ninguém é auto-suficiente.
O “problema” está em como nos relacionamos com as demais criaturas, aí incluídos os nossos sentidos, nossa corporeidade, nosso temperamento, nossa personalidade. Perigo é fazer desses dons de Deus, que são meios para encontrá-Lo, fins em si mesmos. Pois se o fizermos estaremos limitando nossa potencialidade, desvirtuando o sentido original das coisas, abrindo mão de nos realizarmos a nós mesmos, como cooperadores de Deus, e de realizarmos Seu projeto. Mais grave é que ao colocarmos tais coisas como meta, como propósito, nos fazemos escravos delas e, para piorar, escravizamos nossos irmãos.
Nesse relacionamento obrigatório com a criação, é imperioso que usemos das coisas com sabedoria e liberdade, desapego e moderação, para que cumpram com sua vocação de “trampolins” para Deus. Santo Inácio chama a isto de indiferença, termo ao qual poderíamos acrescentar o adjetivo amorosa. Talvez, melhor que indiferença seria utilizarmos a expressão liberdade. Pois não se trata, em hipótese nenhuma, de desprezo, mas de ordenar as coisas, hierarquizá-las, disciplinar as afeições em relação a elas, colocando-as em seu devido e precioso lugar. Segundo a mística inaciana, todas as coisas (pessoas, relações, situações e circunstâncias) são epifania de Deus, pois revelam Sua marca, Sua assinatura. E como únicas têm seu espaço próprio e devem cumprir, de maneira única, seu papel na nossa história pessoal. Em outras palavras, cada uma tem um nicho específico e é aí onde deve alcançar sua plenitude. Devemos dar a cada entidade da criação a atenção, o peso e o valor que lhes são justos e nada mais. Em outras palavras “guardar delas uma distância saudável. É a isto que Santo Inácio chama de aproximar-se ou afastar-se delas, “tanto quanto” for útil para o bem de nossas almas.
Deus nos chama a amadurecer nossas relações, a começar de dentro de nós mesmos. Importa não darmos maior atenção às pessoas, aos fatos ou às situações do que o necessário. Como nos custa abrir mão de melindres, de orgulhos, da sensibilidade excessiva e prejudicial! Quanto tempo perdemos alimentando mágoas, nos apegando ao que disseram, supostamente disseram ou pensam de nós! Como nos afeiçoamos a nossos sentimentos e orgulho feridos, a pessoas e suas impressões!
As relações (com as pessoas, com as coisas, com os sentimentos) são como árvores: há aspectos que devem ser adubados, alimentados, potencializados. Mas há outros que devem ser corrigidos, iluminados, podados ou, até mesmo, extirpados. Discernir a ação correta é essencial. Toda árvore que der fruto, o Pai a podará para que dê mais fruto ainda (Jo 15,2). Deus nos quer livres de amarras que literalmente aprisionam nossa alma, nossa potencialidade de nos realizarmos e cooperarmos para a plena realização da criação. Essa indiferença amorosa gera desapego, que acarreta liberdade e, por isso, maior disponibilidade a Deus. Em uma palavra, maior utilidade para Seu projeto.
Mística do mais
Se o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus e assim salvar a sua alma e se tudo isso é um processo, uma caminhada, um percurso, quanto mais nos aproximarmos desse fim, mais completos, plenos, harmônicos e integrados estaremos. Santo Inácio nos diz para buscarmos o que mais nos aproxima desse fim. O mais será um termo que muito veremos na caminhada inaciana.
Para Santo Inácio não basta viver uma vida “normal”, no sentido de morna, insossa e sensabor. Não significa procurar fazer o extraordinário, mas viver o ordinário da melhor maneira possível. Um outro santo disse certa vez: “O bem deve ser bem feito”. Quanto maior, mais universal, mais generoso e melhor feito for um gesto, melhor será esse agir. Há que se dosar aí o sentido de humildade, o reconhecimento de nossa imperfeição e de nossa impotência sem Deus (Jo 15,5). Porém, isso jamais poderá significar a mediocridade que aliena e que deixa de dar o passo a mais quando este é necessário.

A cada momento de nossa vida, que é único e irrepetível, devemos dar mais de nós mesmos, o que significa vivê-la intensamente e da melhor maneira possível, de modo que não nos arrependamos do que fazemos ou deixamos de fazer. Viver cada dia como se fosse o último, cada instante como se fosse o único. Cada pessoa, cada realidade, cada situação exige o melhor de nós, o passo a mais do peregrino insaciável do Absoluto. Será apenas na perspectiva desse passo a mais e na misericórdia gratuita de Deus, que nos alenta em nossas quedas e infidelidades, que poderemos nos sentir plenos e descansados, que perceberemos nossa alma como salva, tranquila, liberta e em paz. Longe de nós a desmotivação, a acomodação e a auto-centração que não transformam. Pois Deus é elã, é movimento, é música que impulsiona a dança, rumo ao Seu próprio coração, para o qual nos chama.
Em suma…
Somos criados para manter uma relação de dependência amorosa para com Deus, uma abertura fecunda e generosa de nossa parte àquele que é Todo-Generoso e Todo-Ternura. Tal relação se desdobra na tríplice unidade de louvar, reverenciar e servir a Deus nosso Senhor. Apenas assim completamos (salvamos) nossa alma, damos-lhe o devido sentido, o devido descanso, a devida paz. E devemos nos aproximar das demais coisas tanto quanto nos ajudem a nos inserirmos e a colaboramos com esse projeto.
Deus, Nosso Senhor, já nos cumulou com toda a sorte de bênçãos espirituais (Ef 1, 3-14), com tudo aquilo que é necessário para que atinjamos nosso fim. Afinal, Ele é presença que, desde dentro, em tudo opera.
Que nada nos desvie dessa meta, mas que tudo seja usado com liberdade, de maneira ordenada e madura e que possamos cooperar com Deus para levar a história à sua plenitude, no coração do Pai, onde, enfim, Deus será tudo em todos.
Trata-se de um longo caminho. Tal perspectiva é apenas o início, mas uma ótica necessária que deverá fermentar toda a nossa caminhada. Não por acaso é chamada por Santo Inácio de Princípio e Fundamento.




Tua mãe

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