quarta-feira, 6 de junho de 2012

46 - Não julgues ninguém

Amado filho
Pratica na tua vida o não julgamento.
Nunca julgues ninguém, nunca apontes o dedo a ninguém (lembra-te que terás sempre três dedos virados para ti.
Diz o proverbio popular que só devemos julgar alguém depois de andar 1 mês nos seus sapatos... e diz o povo com razão... tu não conheces a história da pessoa, não sabes o que a vida lhe trás ou lhe trouxe simplesmente não julgues.
Jamais a história de uma pessoa é igual à tua por isso observa mas não julgues. Cada um é cada um. Cada história é cada história. Tu com a tua outra pessoa com a dela.
Do mesmo modo não te compares com outra pessoa nem invejes outra pessoa, a historia de cada um vive e é de cada um nunca sabemos o que se passa na cabeça na casa de cada um de nós.
Vive a tua vida, faz o teu melhor e não julgues.
Deixo-te um texto para reflexão.

Amo-te muito

"Numa aldeia havia um velho muito pobre, mas até os reis o invejavam porque possuía um formoso cavalo branco. Os reis ofereceram-lhe quantidades fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
- Para mim ele não é um cavalo, é uma pessoa. E como se pode vender a uma pessoa, a um amigo?
Era um homem pobre mas nunca vendeu o cavalo. Uma manhã descobriu que o cavalo já não estava no estábulo. Todo o povo se reuniu dizendo:
- Velho estúpido. Sabíamos que algum dia lhe roubariam o seu cavalo. Teria sido melhor que o vendera. Que desgraça!
- Não vaiais tão longe – disse -, simplesmente dizei que o cavalo não está no estábulo. Este é o facto, tudo o resto é o vosso juízo. Se é uma desgraça ou uma sorte, eu não o sei, porque isto apenas é um fragmento. Quem sabe o que vai suceder amanhã?
A gente riu-se do velho. Eles sempre souberam que estava um pouco louco. Mas depois de 15 dias, uma noite o cavalo regressou. Não tinha sido roubado, tinha fugido. E não só isso, pois trouxe consigo uma dezena de cavalos selvagens. De novo se reuniram as pessoas dizendo:
- Tinhas razão, velho. Não foi uma desgraça, mas uma verdadeira sorte.
- De novo estais indo demasiado longe – disse -, dizei só que o cavalo voltou... Quem sabe se é uma sorte ou não? É só um fragmento. Estais lendo apenas uma palavra numa oração. Como podeis julgar o livro inteiro?
Desta vez a gente não pode dizer muito mais, mas por dentro sabiam que estava errado. Tinham chegado doze belos cavalos... O velho tinha um filho que começou a treinar os cavalos. Uma semana mais tarde caiu de um cavalo e partiu as pernas. A gente voltou a reunir-se e a julgar:
- De novo tiveste razão – disseram – era uma desgraça. O teu único filho perdeu o uso das suas pernas e na tua idade ele era o teu único sustento. Agora estás mais pobre do que nunca.
- Estais obcecados com julgar – disse o velho-, não vaiais tão longe; dizei apenas que o meu filho partiu as duas pernas. Ninguém sabe se é uma desgraça ou uma sorte. A vida vem em fragmentos e nunca se nos dá mais do que isso.
Sucedeu que poucas semanas depois o país entrou em guerra e todos os jovens do povo eram levados à força para o exército. Só se salvou o filho do velho que estava lesionado. O povo inteiro chorava e queixava-se porque era uma guerra perdida de antemão e sabiam que a maioria dos jovens não voltaria.
- Tinhas razão, velho, era uma sorte. Ainda que magoado, o teu filho ainda está contigo. Os nossos foram para sempre.
- Continuais a julgar – disse – Ninguém sabe. Dizei apenas que os vossos filhos foram obrigados a unir-se ao exército e que o meu filho não foi obrigado. Só Deus sabe se foi uma desgraça ou uma sorte que assim suceda.
Não julgues ou jamais serás um com o Todo. Ficarás obcecado com fragmentos, tirarás conclusões de pequenas coisas.
Uma vez que julgas, deixastes de crescer..."


Tua mãe

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