Meu muito amado filho Estevão
Hoje quero falar te de psicopatas.
Psicopatas não só pessoas que aparecem em
filmes de assassinos em série, os psicopatas são pessoas que não sentem empatia
ou compaixão. São mentirosos e manipuladores, até nas relações amorosas. Os
psicopatas integrados parecem pessoas normais até te destruírem. São pessoas
que te obrigam a sustenta-los 40 meses ou mais, são pessoas que não te acompanham
quando te morre alguém querido, são pessoas que te abandonam sem explicação,
são pessoas que te usam e depois te descartam, são pessoas que se aproximam
muito depressa e depressa se vão, são pessoas que usam quem for, mentem a quem
for, tem centenas de segredos.
O psicopata integrado não tem sentimentos ou
remorsos, é frio e eficaz quando a depredar uma vítima, além de usar a sedução
para se aproximar das pessoas que lhe interessam.
O assunto é, muito sério, tão sério que a única
solução para as vítimas destes predadores é o afastamento total, uma vez que,
não sendo doentes mentais, os psicopatas não têm cura: “A única opção é sair.
Não se trata de uma doença clínica e o problema não tem tratamento: a terapia
funciona ao contrário, com o psicopata a aprender muitas coisas novas para
manipular mais e melhor as suas vítimas. Eles, os psicopatas, não têm moral,
não têm consciência. E não têm a capacidade de sentir compaixão pelas suas
vítimas.”
Qual é o perfil do psicopata integrado?
Não sente empatia ou compaixão
Não consegue amar
É dono de um narcisismo extremo e maligno
É um parasita progressivo
Seduz e manipula sem remorsos
Chama-lhes
psicopatas integrados ou domésticos. Os psicopatas não estão só nos filmes mas
também entre nós. Somos ignorantes quanto à sua existência?
As pessoas
normais não sabem que a maior parte dos psicopatas não são aqueles que estão na
prisão, não são os assassinos, são os psicopatas a quem chamamos de
normalizados ou integrados. O psicopata integrado é uma pessoa integrada na
sociedade, que faz uma vida aparentemente normal, à exceção de que não tem
emoções, não tem sentimentos de culpa e, portanto, é muito frio e eficaz quando
se propõe a depredar uma vítima.
Escreve que
são parasitas progressivos. Em que sentido?
Progressivos porque a sua forma de entrar numa relação é a
pouco e pouco, sem nunca mostrar a sua verdadeira natureza. O problema é que a
vítima apaixona-se, fica seduzida — porque é isso o que estes psicopatas fazem,
eles seduzem. Na segunda fase, que é a fase do desprezo, a pessoa que vive numa
relação com um psicopata fica completamente destruída. O problema é que as
pessoas não têm informação específica e desconhecem a existência deste tipo de
personalidade. Não têm informação que explique como uma pessoa pode ficar
destruída sem se dar conta por causa de uma pessoa encantadora, que não precisa
de a maltratar fisicamente porque fá-lo psicologicamente. Isso pode gerar um
quadro psicológico de stress pós-traumático, são os quadros mais habituais.
Quais são
as principais características de um psicopata?
Ausência de emoções reais, falta de empatia, ausência de medo
e de ansiedade, maior probabilidade de trair os seus parceiros. Os psicopatas
são, sobretudo, pessoas que vivem dos outros, são parasitas. Sabem muito bem
como posicionarem-se enquanto objeto de desejo de toda a gente. Têm a
capacidade de manipular os outros e, se têm um problema, seduzem ou compram as
pessoas que necessitam de ter a seu lado.
É fácil identificar um psicopata integrado?
Não, não é fácil porque um psicopata não parece um doente mental
(porque não o é), ao invés parece uma pessoa normal e encantadora. Se não
conhecermos a existência deste problema teremos muita probabilidade de nos
convertermos nas suas vítimas.
Todas as pessoas com um narcisismo extremo
são potenciais psicopatas?
Não, mas todos os psicopatas são narcisistas extremos ou malignos. Uma pessoa
com um grande nível de narcisismo não é um psicopata, mas é certo que todos os
psicopatas são narcisistas extremos.
O psicopata tem noção do que é?
Nem sempre sabem que são psicopatas, mas sabem que são
diferentes dos outros. Sabem que não sentem medo, empatia ou compaixão e,
portanto, sabem que têm grandes capacidades de fazer com que os outros façam o
que eles querem. É uma arte, eles sabem que são capazes de manipular os outros
mas nem sempre sabem que a isso se chama “psicopata”.
Sendo ele egoísta por
natureza, o psicopata gosta de si próprio?
Sim. Ele tem um narcisismo extremo, precisa de adoração e de seduzir as
pessoas, de manipular os outros. Os psicopatas vivem do trabalho dos outros, do
dinheiro e da energia dos outros. Consomem a energia das suas vítimas,
esvaziam-nas.
Comecemos com um teste. A
pessoa com quem partilha a vida aborrece-se muito facilmente e ridiculariza a
sua maneira de ser, os seus rasgos pessoais, e ainda olha com desprezo para os
seus êxitos profissionais? Usa as redes sociais para provocar ciúmes? Para ele
ou ela, o sexo é um instrumento de controlo? Infiltra-se, de forma insidiosa,
na vida familiar e no círculo de amigos? Apesar de tudo isto, você consegue
perdoar, desculpar, e evita encarar traições? Se as respostas são afirmativas,
então é melhor parar para pensar. É provável que tenha um psicopata emocional
na sua cama. Na sua vida.
O amor pode transformar-se num inferno. Um psicopata numa
relação amorosa é um perigo. O retrato-robô de um psicopata emocional está desenhado: zero
lealdade, zero compaixão, zero remorsos, zero empatia.
Estes seres são parasitas que usam, espremem, exploram e não
param até à destruição total. São megalómanos, narcisistas, acham que podem
fazer tudo sem medos ou remorsos, sem respeito pelas normas sociais. Agem
depressa, sem pensar duas vezes. São sedutores, camaleões sociais, vampiros
emocionais, predadores humanos. Constroem a sua própria máscara, não permitem
que seja o outro a terminar uma relação. São frios e calculistas.
«Os psicopatas estabelecem um relacionamento com o seu parceiro
que tem por base uma “agenda” encoberta que põem em marcha desde o primeiro dia
e cujo objetivo único é a vitimização através do abuso. Como predadores
humanos, ocultam a sua verdadeira identidade, criando de maneira fictícia uma
personalidade falsa construída por medida (a máscara), para conquistar a
confiança e o afeto da vítima, com vista a podê-la dominar, manipular ou
controlar à vontade».
O
problema é complexo e tem de ser tratado com pinças. Um psicopata emocional
numa relação amorosa provoca estragos inimagináveis.
É como um furacão que leva tudo à frente. Mas, calma, existe
vida depois disso. Haja vontade. Por isso, olhos abertos para não se deixar
manobrar. «Quando alguém com quem dorme e com quem partilha vida, filhos ou
círculo de relação social revela ser um psicopata, está perante um problema
muito sério».
Aviso feito, palavras de
esperança. A pior notícia acaba, no fundo, por ser a melhor: o fim da relação.
«Quem partilha a sua vida com um parceiro psicopata é um autêntico zombie:
está morto e não o sabe ainda. A vítima de um parceiro psicopata vive uma
esquizofrenia sempre na ténue fronteira que separa aquilo que acredita que está
a acontecer do que sabe que está a acontecer e do que espera que não aconteça»,
escreve.
Há sinais a que convém estar atento. Um psicopata não facilita e
usa todas as armas. Simpatia e encanto superficiais, magnetismo emocional e
sexual, ausência total de remorsos ou sentimentos de culpa, mentiras
permanentes, fazer-se de vítimas das suas vítimas, frieza e falta de emoções,
olhar vazio e sem alma. Arrogância, orgulho, habilidade para manipular os
outros. O psicopata usa técnicas de manipulação para «violar a alma.» Abusos e
maus-tratos emocionais em lume brando, maldade escondida e constante, intenção
deliberada de causar danos. Trai e mente. Recorre ao jogo psicológico da
piedade ou vitimização.
As intenções são más. Muito más. Quer provocar a erosão da
autoconfiança e da autoestima do parceiro, destruir-lhe os seus limites
pessoais, emocionais e sociais. Torturar através de ciúmes e rivalidades.
Arranjar acusações falsas, desculpas, justificações, versões. Silêncios,
abandonos, agressividade passiva. Tudo vale neste jogo de poder.
Apesar
de tudo, há vida, esperança e felicidade. Sobreviver a uma relação tóxica é
possível.
Usar a metáfora de reabilitação de uma casa que ameaça ruir após
a passagem de um furacão de grau 5. Há então que dar a volta. «É um período em
que deverá tratar-se a si próprio com compaixão, e extremar os cuidados que tem
consigo. Tem de se alimentar bem, de se autopremiar, de se dar tempo e atenção
a si mesmo, de procurar o apoio daqueles que lhe são queridos e em quem pode
confiar, de recuperar as boas amizades e os bons hábitos. Não mais castigos,
não mais censuras, nem comportamentos de autossabotagem».
E depois de se reerguer, de reconstruir a casa, vai ser mais
fácil topar qualquer psicopata que se atravesse no seu caminho. Saberá que quem
não está ao seu lado nos momentos difíceis, não assume a mais pequena responsabilidade
na vida de casal, quebra continuamente as suas promessas, não respeita o seu
espaço e a sua intimidade, não terá espaço na sua nova vida. Compreender o que
aconteceu é o primeiro passo para a recuperação. Decidir seguir em frente é o
melhor dos prognósticos. «Vá em frente e retome o controlo da sua vida. Ponto
parágrafo. E passe a outra coisa.»
Cinco
conselhos para se defender de um psicopata emocional:
1.
Aprenda tudo o
que for possível sobre os psicopatas porque eles não existem apenas nos filmes.
2.
Preste atenção
ao que faz e não ao que diz. Centre-se nos seus comportamentos e não nas suas
palavras.
3.
Observe a
expressão das suas verdadeiras emoções, uma vez que costumam representá-las
teatralmente ou híper-reagir para simular emoções.
4.
Não lhe confie
passwords nem códigos de cartões de crédito. Nunca assine documentos,
contratos, acordos legais.
5.
Peça opiniões a
outras pessoas à sua volta que podem perceber o que está a acontecer e faça um
diário detalhado de tudo o que se passa.
Estão mais perto do que pensamos
Amo-te infinitamente
Tua mãe