Meu muito amado filho
Já te disse várias vezes que acontece eu cruzar-me com palavras de outras pessoas bem mais sábias que eu e que eu gosto e partilho aqui.
Hoje foi um desses dias.
Uma moça linda por dentro e por fora que conheci há uns anos no Brasil partilhou hoje este texto que não é meu mas podia ser porque eu também aprendi. Oh se aprendi!
"Aprendi que um longo período muitas vezes não nos dá mais sabedoria que alguns dias vividos; que o tempo cura dores, mas que sua duração é variável para cada pessoa; e que as dores precisam ser sentidas até a sua última gota, para que só então possam ser sanadas.
Aprendi que os planos são como poeira: podem permanecer sólidos se molharmos cautelosamente em cada vez que formos regar o nosso jardim, mas que em um ligeiro esquecimento podem secar e se dissipar com o vento. E, neste caso, só nos basta aceitar: talvez pegando uma vassoura e tentando juntar tudo de novo; talvez só olhando de longe, indo embora em meio às folhas com a ventania. E nem por isso devemos deixar de sonhar, de desejar. Porque haverá sempre um motivo para recomeçar, por mais que naquele momento não consigamos enxergar.
Aprendi que se pode amar alguém e deixa-lo partir, porque isso também é uma forma de amar. E que aquele, o tempo, se encarregará de mostrar que esta foi a maior prova de amor já feita – ao outro e a si próprio.
Aprendi que hábitos são ferramentas que usamos para moldar nossa personalidade – os que nos fazem bem e os que nos fazem mal. E por isso, frequentemente, é importante sair de dentro e olhar de fora, para compreendermos se devemos seguir em frente ou não com o que temos feito. Principalmente em situações desesperadoras. Porque ao sairmos, deixamos de sentir as emoções e de ter os pensamentos fechados, conseguindo enfim assimilar o que é real, o que criamos com nossas expectativas e o que pode ser evitado.
Aprendi que sentimentos mudam; Idealizações mudam; teorias também. Principalmente as que se tratam da vida, do coração. Aprendi que ontem eu era alguém que hoje posso não ser mais. Mas que isso não me define como uma má pessoa ou como alguém que não se possa confiar, isso me permite ser humana.
Aprendi que o julgamento alheio é também uma forma de se auto julgar. E que de tanto apontar o erro do outro, um dia, mais uma vez, o tempo poderá nos fazer passar pela mesma situação, para que aprendamos uma nova lição.
Aprendi que pessoas que menos esperamos podem nos apoiar ou nos dar as costas. E tudo bem. Podemos ser gratas a elas de qualquer forma; porque a gratidão é a melhor forma de recompensa sobre a vida. A gratidão nos faz ter mais vontade de se movimentar, atrai energia positiva e auxilia no processo de uma cura.
Aprendi que pessoas se vão e que haverá as que virão. E que todas, de alguma maneira, nos darão um pouco de sabedoria sobre o que queremos e o que não queremos ser ou ter. E que podemos viver a maior parte da vida ao lado delas, mas um dia elas precisarão ir – ou nós mesmos precisaremos. E isso não tornará esta parcela de nossa vida ruim. Pois poderemos sofrer com sua partida, mas o que fez parte de nossa história se manterá vivo. E que alguns poderão nos magoar, mas nada mudará o bem que já nos foi feito algum dia.
Aprendi a agradecer (ainda mais). Aprendi a pedir perdão. Aprendi a perdoar. E pode ser que amanhã eu me esqueça disso, mas se tem uma coisa que aprendi é que o destino, de algum modo, vai me fazer relembrar de como se agradece, como se pede perdão e como se perdoa.
Aprendi que tudo é energia: uma oração em conjunto é mais intensa que uma sozinha; um pensamento positivo pode fazer uma situação ser diferente; um desgaste psicológico pode fazer nosso corpo cair; e que uma corrente de bem faz muitas coisas vibrarem (sentimentos, circunstâncias, pensamentos, relacionamentos).
Aprendi que nem sempre algo superficial é supérfluo. Que uma pequena mudança externa pode sim mudar o nosso interior, nossa autoconfiança e autoestima. E que, as vezes, é importante sair do chão e se permitir voar. Porque como dito, os planos são como poeira.
Aprendi que a família e os amigos são nosso suporte. Ninguém consegue ser feliz sozinho. Por mais individualista que seja; por mais necessidade que tenhamos de ficar só com nossos pensamentos – e isso não é ruim: ficar só. Sempre precisaremos de um apoio, ainda que, na verdade, esta base seja a gente que faça a alguém. Porque algumas pessoas precisam sentir que são importantes para as outras; e isso é percebido quando se faz bem a elas.
Aprendi que o trabalho realmente dignifica o homem. Que sem oportunidades, perdemos a esperança; mas que há sempre uma saída, na maior parte das vezes por mérito – e por isso devemos sempre buscá-la – e noutras por sorte. Porém, ainda assim, que trabalho não é tudo: se adoecemos, paramos e com o tempo tudo fica bem, porque as pessoas podem esperar e, ao contrário do que pensamos, somos substituíveis, por melhores que sejamos. E, por isso, precisamos parar antes de adoecer: Fazer um happy hour com os amigos, ter uma boa alimentação, vivenciar momentos prazerosos (ou de consolo) com a família, poder viajar. Viajar. Não há investimento melhor: viajar. Por esta razão devemos trabalhar: não apenas para acumular bens ou sobreviver, mas para conseguirmos adquirir experiências de vida. Isso irá fazer parte do nosso processo de dignificação.
Aprendi que essas palavras não expressarão tão bem quanto o fato de se vivenciar os momentos que me fizeram aprender. Mas que nossa voz e nossa experiência pode influenciar na vida de alguém; que gentilezas podem mudar o dia de uma pessoa. E que se calar nem sempre será a melhor solução, porém ouvir com atenção antes de dizer algo é essencial."
Por Talita Sippê
Espero que aprendas tambem as tuas coisas.
Amo-te infinitamente
Tua mãe
quinta-feira, 24 de maio de 2018
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