terça-feira, 3 de setembro de 2013

189 - A tua avó Júlia do Brasil

Meu muito amado filho Estêvão

Estivemos de férias e por isso mesmo houve silencio por aqui. Mas aprendemos de outra maneira, aprendemos com os pés dentro de água, a comer bolas de Berlim na praia e gelados depois do jantar, aprendemos a cheirar as flores e a ver por-do-sol, com abraços a saber e a cheirar a protector solar. Mas agora estamos de volta à nossa vida. À escola, ao trabalho, à ginástica, à natação, aos amigos de sempre, à nossa vida feliz.

Hoje quero falar-te de uma pessoa muito muito muito muito muito especial. A tua avó Maria Júlia Geara Guedes, a tua avó paterna, a tua avó "do Brasil".
A tua avó faleceu no dia 22 de Agosto deste ano, enquanto tu metias os pés na areia da praia.
 A tua avó amava-te muito. Mas muito mesmo.
A tua avó ligava todos os dias 27 para felicitar-te mais um mês de vida. Nunca se esqueceu. Nunca.
A tua avó rezou tanto mas tanto tanto tanto por ti e pelo teu pé e pela tua recuperação.... que tudo o que ela pediu aconteceu e ai estas tu com o teu pé a funcionar maravilhosamente bem como um campeão.
Eu estive com a tua avó apenas 5 vezes mas posso dizer-te que era uma pessoa maravilhosa, com um sorriso e um abraço tão bom, tão lindo, tão sincero que jamais o esquecerei.
Tu conheceste a tua avó tinha 5 meses menos 1 dia e quando ela te deu o ultimo abraço tu tinhas 6 meses.
A ultima vez que estivemos com ela no ultimo momento que ela te tinha nos braços ela disse... "Que Deus te abençoe e te faça feliz, que o céu seja sempre azul e saúde não te falte, que nunca te esqueças de mim e do avô Guedes". Foi o desejo dela e aqui fica para nunca te esqueceres dele .... nunca nunca nunca.
Acho que do lado libanês dela tens a cor da tua pele quando apanhas sol, que ficas moreno e lindo, tens o sorriso aberto como ela e a capacidade de amar como ela tinha.
A tua avó Júlia amava-te muito. Muito.

Outro dia li este texto e achei lindo deixo-te aqui para memória tua.

A morte não é tudo. Não é o final. Eu somente passei para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo permanece exactamente como sempre foi. Eu sou eu, você é você, e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos. Chame-me pelo antigo apelido familiar. Fale de mim da maneira como sempre fez. Não mude o tom. Não use nenhum ar solene ou de dor. Ria como sempre o fizemos das piadas que desfrutamos juntos. Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim. Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra. A vida continua a ter o significado que sempre teve. Existe uma continuidade absoluta e inquebrável. O que é esta morte senão um acidente desprezível? Por que ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão? Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem próximo, na outra esquina. Está tudo bem. 






Hoje é isto.
Não é uma mensagem triste .... nada disso.
É alegre porque quem parte fica do outro lado a olhar por nós e a rezar (como a tua avó sempre fez por ti) por nós. Quem parte lembra-nos que longe ou perto somos todos parte uns dos outros e no fim o que interessa é o amor e sermos muito felizes nos caminhos que a vida nós dá.

Amo-te como a água

Tua mãe

Um comentário:

  1. Ana, agradeço imensamente a linda homenagem que fez a nossa mãe, avô,amiga, etc...
    Tenho certeza que o Estêvão terá orgulho de ter tido uma avô do "Brasil".
    Um grande beijo e obrigada.

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