segunda-feira, 16 de julho de 2012

68 - Love is always the answer


Amado filho
Hoje voltamos outra vez ao amor... e voltaremos muito mais vezes tal é a sua importância.
O Amor não tem de obedecer a razão alguma. Nem sequer conseguimos escolher gostar ou não desta ou daquela pessoa. Simplesmente se gosta! Simplesmente amamos! É como um íman que atrai...
  Não amo alguém porque a pessoa se veste bem ou porque é educado. Amo porque há uma empatia especial, um sentimento inexplicável que não consigo controlar. Amo pelo conjunto de qualidades e não pela cor dos olhos ou pelo tom de pele. Amo pelo olhar sincero, pela fragilidade quando menos se espera e pela força inesperada. Amo isto e aquilo que há na pessoa, amo defeitos e qualidades. Posso até amar a pessoa errada mas tenho consciência de que a pessoa certa também não existe.
  O Amor faz com que se tenha sede da presença, faz desejar cada beijo, faz deixar para trás todos os erros e preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e que agora condenamos.
  Amor! Que sentimento indecifrável! Podia escrever tanta coisa, mas tanta coisa depende de outras tantas coisas que vamos sentido em cada momento. Apenas sei que é um sentimento forte, que nos faz sorrir mas que também nos faz chorar. Porque o amor é assim, uma fragilidade que nos torna fortes e é também uma força que nos torna frágeis.
  Amar é lembrar  momentos com um sorriso no rosto, é deixar que a vida enxugue algumas lágrimas que caem. Mas o tempo ajuda na recuperação das tais doenças de Amor. Hoje adoecemos, amanhã estamos curados. Hoje discutimos para amanhã nos amarmos!
  Amamos o jeito, amamos cada mania, amamos até o que nos irrita... só porque amamos! Mas é tão complicado amar como saber gerir cada cor que pincelamos no mais simples quadro.
  O Amor tem um magnetismo inquietante que me prende e mesmo quando quero fugir dele não sou capaz, parece que corro e esse amor segue cada passo que dou.
  Não sei se isto já vos aconteceu mas é que às vezes apetece-me fugir do amor, esquecer sentimentos e viver de forma mais racional e calma. Porque seria mais sensato, porque se não amarmos também não nos magoam. Porque o amor é uma palavra bonita mas não é apenas isso! O amor também fere, também magoa. E não me refiro apenas do amor entre dois enamorados, na amizade acaba por ser assim também. Porque não amamos da mesma forma e cada pessoa é amada de uma maneira única.
  Amo tantas pessoas, e cada amor é diferente do outro. Não escolho quem amo, mas amo incondicionalmente.  Sem razão, sem falsas palavras. Apenas amo. Seja bom ou mau... é amor!
  Às vezes para amar temos de esquecer de como são as nossas almas e deixar que os corpos e os olhos simplesmente se entendam!
  O amor é um detalhe (um grande detalhe) que nos faz mudar ao longo de cada dia... O Amor não tem as suas próprias leis, é um sentimento totalmente desorganizado.
  Bom mesmo era podermos amar todas as vezes com a ingenuidade de como foi a nossa primeira vez e acreditar que o amor é sempre algo bonito e cor-de-rosa.
   Não conseguimos fazer a nossa existência nesta vida sem acreditar no amor. Afinal o que seria da vida sem o risco? Sem o amor e o desejo? Sem a paixão e o devaneio? No amor existe risco de sermos felizes, o desejo de podermos amar, a paixão que nos cega quase totalmente mas que nos faz sorrir sem razão, existe o devaneio da ilusão de ser para toda a vida, mesmo que não seja... Porque o amor é assim! E porque somos assim, seres que não vivem sem amor!
Deixo-te em baixo um texto de alguém que muito melhor que eu fala do amor... e de que maneira.


“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amorcego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso - Expresso

Amo-te cada dia mais e mais e mais.


Tua mãe

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